sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Os últimos anos da minha vida em jeito de introspecção....

Era uma estudante universitária normal, bêbada e boémia como era a maioria dos meus colegas
Era uma pessoa que sofria da doença mais comum hoje em dia - a obesidade
Era bastante sedentária como qualquer pessoa que-tenha-as-costas-uma-saca-de-batatas-de-50-kgs
Tinha um problema, quando me olhava ao espelho não via o quão obesa estava
Nunca fui descriminada por ser gorda
Fui maltratada por alguns colegas quando era mais nova, gentinha medíocre e pobre de espírito, portanto.
Nunca deixei de ter namorados, curtes, flirts, amigos coloridos, whatever por ser gorda
Era e ainda sou um animal social, adoro pessoas, adoro relacionar-me com pessoas e conviver muito
Em Fevereiro deste ano caiu-me a ficha, olhei-me ao espelho e vi-me tal e qual os outros me viam
Fiquei triste e pensei, de hoje não passa...
Senti-me um monstro, pela 1ª vez da minha vida passei a não gostar de mim daquela maneira
A querer isolar-me das pessoas, a ter vergonha de me mostrar ao mundo
Dia 9 de Fevereiro decidi que a minha vida ia ser melhor, que ia tratar o meu problema que todos me alertavam e eu não ouvia, nem gostava de ouvir. Fui ao médico nesse dia e decidi fazer um cirurgia de tratamento de obesidade.
A partir desse dia informei algumas pessoas, as que eu achava que mereciam essa atenção da minha parte
ELE foi o 1º a saber além dos meus pais
Ele não entendeu o porque, não entendeu a minha cirurgia e eu mandei-o informar-se
Dia 31 de Março foi o meu Dia D.
Entrei no Hospital da Luz no dia 30 de Março, estive esse dia todo numa grande agonia, com crises de ansiedade e triste porque não o tinha visto na véspera, porque ele não tinha podido ir despedir-se de mim, porque tinha medo do que pudesse acontecer e que nunca mais fosse ver o meu melhor amigo (na altura era só isto que éramos)
Fui operada e tive 24h nos cuidados intensivos em observação.
Antes de adormecer com a anestesia e quando acordei da mesma só pensei em 3 pessoas: mãe, pai e ele.
Assim que vi a minha mãe, passado pouquinho tempo de acordar da anestesia ainda completamente em transe disse-lhe: mama liga po F. e disse-lhe o número de cor e tudo.
Saí do Hospital no domingo de Páscoa, ele não estava em Lisboa, enquanto tive lá no hospital ele mandava muitas mensagens, muita preocupação...
Vim para casa e ele foi ver-me logo no dia seguinte, foi a pessoa que mais preocupação demonstrou (pelo menos assim eu entendi)
A partir daí foi tudo tão mais fácil, ele apareceu na minha vida, de uma forma muito mais presente a partir desse momento, mesmo sem ele se aperceber, foi a pessoa que mais me apoiou, foi o meu grande pilar, além da minha mãezinha é claro.
Todo o processo de recuperação para mim foi peanuts porque a força de vontade era muito grande, a motivação e o motivo maior ainda.
Hoje faz seis meses certinhos, e faço também um balanço do mais positivo que há. 
Passados 6 meses, menos 47 kgs.
É claro que nem tudo são rosas, com as alterações no meu aspecto exterior perdi algumas coisas importantes, uma delas foi amigos, alguns amigos que "antes" eram muito amigos e muito presentes, e agora puuufff foram-se a vida, so porque perdi-a-pessoa-que-tinha-a-mais-em-mim e porque arranjei um namorado lindo por dentro e por fora, e porque agora tenho tudo o que preciso para ser plenamente feliz.
Hoje é um dia feliz muito feliz!

3 comentários:

Raquel A. disse...

Adorei ler a tua história. Não fazia ideia e acredito que deve ter sido preciso muita força de vontade. Parabéns!:)

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Miss R. disse...

Obrigada!! Quando lemos um blog não imaginamos o que está por trás! mas hoje achei que fazia sentido escrever isto!**

Raquel A. disse...

E fizeste muito bem! Mereces a admiração de todos. ;)

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